Hospital psiquiátrico, quatro da tarde, Inglaterra.
- sabe por que esta aqui, não sabe, Elizabeth? – questionou o
homem alto cuja uma das mãos encontrava-se a acariciar a barba e a outra a
segurar uma caderneta de capa preta e dura á garota sentada na poltrona à
frente exalando desdém.
- mas é claro que sei, doutor. – Elizabeth não demonstrava se
importar com o lugar onde estava, ou com quem falava e o que falava, só
permanecia sentada pressionando as mãos contra os joelhos e ajeitando os
cabelos negros que caiam as vezes em seu rosto devido ao mal corte. Tinha os
cabelos um pouco acima dos ombros, totalmente desajeitado. Parecia não incomodá-la
de jeito algum. E de fato, não incomodava.
- certo, de começo preciso lhe fazer algumas perguntas para então
começarmos ao assunto que focaremos. Meu nome é John Tompson e eu serei o
encarregado de lhe ajudar até o fim do processo. Nome inteiro?
- Elizabeth Brock. – respondia sempre rápido, como se cada resposta
estivesse na ponta de sua língua, e continuava a não demonstrar sentimento
algum.
- idade?
- dezenove.
- diga o que acha sobre o motivo de estar aqui.
Elizabeth coçou o nariz erguendo a sobrancelha e se encostou mais
na poltrona.
- sei que dizem por ai que matei muitas pessoas a sangue frio, sei
também, inclusive, que matei mesmo, mas o que me incomoda não é o blábláblá das
pessoas e sim o fato de não conseguir lembrar-me de como exatamente o fiz. Isso
chateia qualquer assassino.
John mesmo sendo um dos melhores profissionais do hospital não
pôde esconder em seu rosto a reação ao ouvir tais palavras.
- você não é uma assassina...
- mas é claro que eu sou – interrompeu-o – sou e esconder não
irei.
- quando fizermos você nos contar exatamente como foi, saberemos
dizer ao certo em que padrão se encaixa. Rotular-se assim não te fará bem, não
faria bem a ninguém.
- não acredito em desculpas, doutor. Não importa a razão da
pessoa, se foi tristeza, ódio, ou qualquer outra coisa emocional, tirar a vida
de alguém é ser um assassino, acredito eu que o senhor seja adulto o suficiente
para saber disso.
John deu um sorriso de lado.
- pelo meu grau de adulto, diria que você esta tentando mostrar
orgulho por ter feito o que fez.
- check mate! – exclamou Elizabeth batendo uma palma.
- como sentir orgulho de algo que não se lembra?
- faço o que quero, sempre. E se eu matei aquelas pessoas, foi
porque eu quis. Disso eu lhe dou certeza. Deve estar sentindo nojo de mim, mas
meu modo de ver a vida faz com que eu me sinta limpa, e não arrependida.
O homem sentia-se triste, já havia visto de tudo, mas uma
garotinha de dezenove anos ter pensamentos tão escuros o fazia sentir-se
incapaz. Levantou-se e se aproximou de Elizabeth.
- venha, a levarei para seu quarto, amanhã começaremos seu
tratamento.
- vou ser condenada a morte, não vou?
- não tenha medo, há pessoas trabalhando a seu favor.
Elizabeth se levantou passando a frente e abrindo a porta. – está com
medo, doutor?
- por você? Sim, eu estou. E você?
- eu não.
- Jammie